Peças originais do acervo foram comercializadas por R$ 75 mil cada, com uma vendida para colecionador internacional; órgão federal alega desconhecimento da transação
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) está sob investigação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) após vender 20 cavaletes projetados por Lina Bo Bardi sem comunicar o órgão. As peças, tombadas em 2008 como parte do conjunto museográfico do MASP, foram comercializadas por R$ 75 mil cada – com uma unidade vendida na feira Art Basel Miami Beach por cerca de US$ 60 mil. O Iphan afirmou que, embora a venda de bens tombados não seja proibida, a falta de notificação prévia viola procedimentos de preservação patrimonial.
Em nota, o MASP defendeu a ação alegando que os cavaletes originais (produzidos entre 1968 e 1996) foram substituídos por réplicas em 2015 por questões técnicas e que a venda buscou captar recursos durante a pandemia. O museu sustenta que o tombamento federal recai sobre o “conceito expositivo” de Lina, não sobre peças individuais – interpretação respaldada por pareceres jurídicos. Cinco cavaletes permanecem à venda na Loja MASP, enquanto o Iphan investiga o paradeiro das peças vendidas, incluindo a que saiu do país. O caso reacende o debate sobre a preservação de bens culturais versus a autonomia de instituições museológicas.
Foto: Metro Arquitetos