Jovens e mulheres lideram crescimento evangélico no Brasil, aponta IBGE

Censo 2022 revela que evangélicos já são 26,9% da população, com forte presença entre mulheres (55,4%) e jovens de 10 a 14 anos (31,6%)

Os evangélicos foram o grupo religioso que mais cresceu no Brasil entre 2010 e 2022, saltando de 21,6% para 26,9% da população, segundo dados do Censo Demográfico divulgados pelo IBGE. O aumento foi puxado principalmente por jovens e mulheres – nas faixas de 10 a 14 anos, 31,6% se declaram evangélicos, enquanto entre as brasileiras, elas representam 55,4% dos fiéis (ante 51,8% de participação feminina na população geral). Especialistas apontam que a adaptação das igrejas aos interesses juvenis e o espaço de liderança oferecido às mulheres explicam parte desse crescimento. “Na igreja, as mulheres não precisam se provar. Elas são valorizadas em seus papéis de liderança”, afirma a pastora Nilza Valéria, coordenadora da Frente dos Evangélicos pelo Estado de Direito.

Apesar do avanço, o número ficou abaixo das projeções que previam 40% de evangélicos até 2022. O catolicismo segue como maioria (56,7%), mas em declínio – em 2010, eram 65%. A renovação é baixa: a maior parte dos católicos tem mais de 50 anos. Enquanto no Nordeste (63,9%) e Sul (62,4%) eles ainda predominam, no Norte os evangélicos já são maioria (36,8%). Outro destaque foi o crescimento de religiões de matriz afro (umbanda, candomblé) e outras crenças, que aram de 2,7% para 4%. Já o espiritismo, como o que a pastora Cássia Antunes (ex-espírita) deixou para trás, recuou de 2,2% para 1,8%. Para a socióloga Christina Vital (UFF), o fenômeno reflete tanto a busca por redes de apoio quanto a crítica juvenil ao Estado: “As igrejas oferecem um caminho, mesmo que baseado no mérito individual”.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil