Campanha alerta sobre violência contra mulheres com queimaduras como forma de agressão

Iniciativa da Sociedade Brasileira de Queimaduras destaca que 90% das vítimas omitem o crime; rosto é principal alvo em ataques

A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) lançou nesta sexta-feira (6), no Dia Nacional de Luta contra Queimaduras, a campanha “Marcas no Corpo, Feridas na Alma”, focada na violência doméstica que utiliza fogo ou agentes químicos para agredir mulheres. Dados da SBQ revelam que 72,2% dos ataques atingem o rosto, muitas vezes com intenção de desfigurar a vítima. “O agressor age com a lógica de: ‘se não for minha companheira, não será de ninguém'”, explica a enfermeira Raquel Pan, vice-presidente da entidade. Apesar da subnotificação, pesquisas apontam que 90% das mulheres agredidas escondem o crime, muitas já vítimas de ciclos anteriores de violência.

A OMS estima 180 mil mortes anuais por queimaduras no mundo, a maioria em países de baixa e média renda. No Brasil, 1 milhão de pessoas sofrem queimaduras por ano, sendo 80% dos casos evitáveis, segundo o Ministério da Saúde. A coordenadora do Hospital Geral de Vila Penteado (SP), Elaine Tacla, alerta que sequelas físicas e psicológicas são frequentes: “É uma das formas mais cruéis de violência”. A campanha orienta sobre prevenção e primeiros socorros, como resfriar a área queimada com água corrente e nunca usar substâncias caseiras como manteiga ou creme dental.

Para ajudar:

  • Ligue 180 para denunciar violência doméstica
  • Em emergências, busque atendimento médico imediato
  • Evite manipular a área queimada e não fure bolhas

Foto: Freepick