Mercado financeiro critica medida e vê risco à entrada de investimentos; governo tenta equilibrar política monetária e estímulo à industrialização
O recente decreto do governo federal que aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 0% para 3,5% sobre investimentos de fundos brasileiros no exterior provocou forte reação no mercado financeiro. A medida foi interpretada como uma forma de controle de capitais, o que acendeu alertas sobre o impacto na entrada e saída de recursos estrangeiros e nacionais do país. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, expressou preocupação com a percepção negativa dos investidores, enquanto especialistas apontam que o controle pode ajudar a estabilizar a moeda e proteger a economia de oscilações abruptas.
Apesar da crítica do mercado – que historicamente rejeita qualquer restrição ao livre fluxo de capitais – economistas defendem que instrumentos como o IOF são úteis para limitar operações especulativas de curtíssimo prazo e fomentar investimentos produtivos. O professor Elias Jabbour (UERJ) destaca que o controle de capitais é essencial para garantir estabilidade cambial e permitir uma política monetária mais independente, além de ser um caminho estratégico para a industrialização. Após pressão de agentes financeiros e lideranças do Congresso, o governo sinalizou recuo na medida, mas o debate sobre o equilíbrio entre liberdade de mercado e regulação pública permanece em aberto.
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil